A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), está entre os nomes que constam na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República nesta semana.
Além da parlamentar, o ex-presidente Lula, os ex-ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo, marido de Gleisi, e o empresário Marcelo Odebrecht são acusados pelos crimes de corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro.
O chefe de gabinete da senadora, Leones Dall'Agnol, também foi denunciado (clique aqui e relembre o caso).
Em sua defesa, a senadora paranaense alega que “a Procuradoria-Geral da República atua de maneira irresponsável, formalizando denúncias sem provas a partir de delações negociadas com criminosos em troca de benefícios penais e financeiros”.
Argumento que, na visão do especialista em Direito Penal Yuri Sahione, não se sustenta.
De acordo com ele, as delações premiadas vão além do que é noticiado e são embasadas por um conjunto de provas concretas.
“A delação premiada não é simplesmente um depoimento. Não é aquele vídeo que a gente vê passando nos telejornais. A pessoa que quer ser um colaborador protocola um pedido no Ministério Público informando o seu interesse, e faz um termo de confidencialidade. Esse colaborador tem que entregar aquilo que ele prometeu. Ele vai fazer depoimentos, produzir documentos, vai indicar onde os investigadores podem encontrar provas e a partir desse conjunto é que o Ministério Público vai propor as medidas necessárias da investigação. Ou se ele entender que já tem provas suficientes, ele vai oferecer a denúncia contra os envolvidos”.
De acordo com a PGR, a construtora Odebrecht ofereceu, em 2010, US$ 40 milhões em propina.
O dinheiro supostamente seria repassado ao Partido dos Trabalhadores em forma de doação de campanha.
A contrapartida viria em troca de facilidades que beneficiavam a empresa, como por exemplo, o aumento da linha de crédito do BNDES para a Angola, onde a empreiteira atuava.
A medida teria sido referendada pelo Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior, a Camex, em junho daquele ano. Paulo Bernardo era um dos integrantes do órgão.
O cientista político Christian Lohbauer acredita que essa sequência de denúncias gera um desgaste na imagem de Gleisi e, consequentemente, do partido presidido por ela.
“Por mais ativismo que principalmente a atual presidente do Partido dos Trabalhadores, a senadora Gleisi Hoffmann, do Paraná, tente demonstrar, o fato é que vão se cumulando acusações contra ela, indiciamentos. E esses indiciamentos implicam em defesa, em tempo, em agenda e isso vai prejudicando a sua liderança e sua capacidade de movimentar o que ainda resta de interesse do cidadão pelo Partido dos Trabalhadores”.
Esta não é a primeira vez que o nome de Gleisi Hoffmann é citado em escândalos de corrupção.
Em abril do ano passado, a senadora foi mencionada por três delatores, que relataram pagamentos feitos a pedido do marido dela, que à época era ministro dos governos Lula e Dilma.
A suspeita é de que o valor tenha sido usado para as campanhas da petista para a prefeitura de Curitiba, em 2008, para o Senado, em 2010, e para o governo do Paraná, em 2014.
Na denúncia apresentada por Dodge, a PGR requer a condenação do ex-presidente Lula, dos ex-ministros e do chefe de gabinete por corrupção passiva, e de Marcelo Odebrecht por corrupção ativa.
No caso da senadora, além da corrupção ativa, a denúncia inclui lavagem de dinheiro.
Há pedido também para que Lula, Bernardo e Palocci paguem US$ 40 milhões e outros R$ 10 milhões a título de reparação de danos, material e moral coletivo, respectivamente.
Outra solicitação é para que a senadora, o marido e chefe de gabinete paguem R$ 3 milhões como ressarcimento pelo dano causado à Fazenda. Ouça áudio abaixo.
Rádio Eldorado, com informações da Agência do Rádio