A rebelião da última sexta-feira (9) com certeza vai ficar para a história de Mineiros. Em algumas horas a multidão carcerária conseguiu mobilizar toda a força de segurança de Mineiros e região. Detentos de uma ala cavaram um túnel na Agência Prisional e tentavam fugir, quando foram apanhados por agentes prisionais. Insatisfeitos, atearam fogo no interior do estabelecimento e se rebelaram, fazendo outros presos de reféns.

Hoje completa cinco dias da “maior rebelião já registrada no estabelecimento prisional de Mineiros”, segundo palavras do próprio Dr. Rui Carlos de Faria, juiz da comarca de Mineiros. “Ela ocorreu numa ala que existia aproximadamente 70 presos. Então, a motivação desta rebelião foi que os detentos estavam planejando uma fuga e começaram a fazer um túnel. Esse túnel foi descoberto e o plano foi fracassado. Isso gerou uma inquietação nos presidiários. Eles também alegaram outros fatores, tais como a superpopulação carcerária e, de fato, a cadeia está com muito mais presos que a capacidade dela”, revelou o juiz em entrevista à Rádio Eldorado.

O magistrado admitiu ainda que os presos também tem certa razão pelo motim, já que vários processos estão emperrados por conta da falta de juízes em Mineiros. No entanto, Rui diz que nada justifica a rebelião. “Eles [os detentos] alegaram ainda a demora no processo criminal. Eles também têm certa razão neste aspecto, pois está faltando juiz na comarca de Mineiros e os processos não andam como deveriam andar. Mas isso não justifica uma rebelião, a qual trouxe uma série de consequências negativas: a cadeia ficou parcialmente destruída, os detentos tiveram que serem removidos para outras unidades prisionais (Rio Verde e Goiânia), onde ficarão até a Agência Prisional de Mineiros ser reformada”, comentou Rui.

E os prejuízos aos detentos não param por ai. O que estava ruim pode piorar, segundo o juiz. “Essa rebelião também vai pesar quando se for analisar o futuro benefício de progressão da pena, pois se caracteriza mau comportamento carcerário, que por sua vez acarreta em punições administrativas. Então isso não levou a nada”, avaliou o magistrado.

Ouça abaixo a entrevista completa

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