PIB do agro em queda: entenda o cenário
Menores investimentos devem ser feitos. Apesar de ser o atual cenário, situação não deve durar para sempre, como afirma o analista de mercado
O PIB do agronegócio brasileiro deve ter uma pequena queda em 2024, recuando um percentual de 1,7% conforme publicado no Boletim Macrofiscal, pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Apesar do resultado negativo, é um percentual menor do que o previsto na última estimativa, quando previam um recuo de 1,9%.
Impacto da queda
Esse resultado causa um grande impacto no setor agrícola, como explica o analista de mercado Ênio Fernandes: “Esse recuo que deu no agronegócio agora, de 1,7%, é um recuo importante. Mostra como que algumas culturas perderam rentabilidade no último ano, como soja, milho, tomate entre outras culturas. Isso no final do dia, é menor renda chegando no campo, também sendo uma renda menor que chega para a sociedade, pois os produtores ficam mais cautelosos em suas despesas.”
Ciclo econômico para 2024/2025
O cenário desafiador será variável, com algumas culturas sofrendo mais que outras: “Alguns setores vão sofrer mais do que outros, tendo um ano de 2024/2025 extremamente difícil, como é o caso da soja, milho, tomate, feijão, são alguns setores que terão um ano difícil de margem, pois terão poucas chances de terem grandes resultados.” afirma Ênio.
PIB afetado
A situação atual afeta não só o setor agrícola, mas toda a economia nacional, como explica Ênio: “Isso não é apenas um fato econômico que afeta as cidades do agronegócio, afeta todo o PIB brasileiro. O agronegócio brasileiro é um dos principais componentes do PIB. É um dos principais atratores de investimentos quem vem de fora para ser investido aqui no Brasil. Quando se tem um menor desempenho, desencadeia uma série de processos que recuam esses investimentos, com isso, o nosso PIB deve crescer menos no próximo ano. Esse ano vamos crescer mais de 3% e no ano que vem, algo em torno de 1,5% conforme alguns analistas estimam, o que é um recuo muito importante.”
Pecuária brasileira
Apesar da queda no PIB do agronegócio, a pecuária brasileira teve um boom nos últimos meses. Para o analista de mercado, esse salto na pecuária é um exemplo claro do quanto o agro é volátil: “O que está acontecendo com a pecuária de corte no Brasil, é bem nítido como o agronegócio é volátil. No começo de 2024, a arroba do boi estava R$180,00. Hoje, a arroba do boi está sendo vendida a R$350,00, quase 100% de alta em menos de um ano.”
Apesar do momento ser positivo, Ênio alerta aos pecuaristas para manterem a cautela na hora de investir: “Nós tivemos soja com preço de R$200,00, milho com preço de R$100,00. Pecuaristas, aproveitem o momento para investir certo, escolher bem onde investir o seu dinheiro. Esse mar de bons preços não vai durar para sempre. No final do dia, não há mal que sempre dure e nem bem que sempre perdure, por isso, os produtores precisam ser cautelosos nos investimentos, colocando dinheiro onde tem maior retorno possível.
Rio Verde Rural
O mercado de trabalho do setor agropecuário fechou o mês de junho com um saldo positivo de 33.894 postos de trabalho. Segundo o levantamento mais recente feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram registradas 233.678 admissões e 199.784 desligamentos. O desempenho do sexto mês de 2024 ficou abaixo do saldo observado no mesmo mês de 2023 (36.145) e 2022 (51.961).
Na comparação regional com junho do ano passado, o emprego cresceu na Região Norte (5,7%), Centro-Oeste (4,3%) e Nordeste (1,0%); mas teve queda no Sudeste (-2,4%) e no Sul (-0,4%).
A Região Sul acumulou um saldo negativo de -6,1 mil empregos, provocado, em parte, pelas enchentes do Rio Grande do Sul. Segundo a análise da CNM, o prejuízo da tragédia climática no estado gaúcho ultrapassa os R$ 12 bilhões. Destes, R$ 4,2 bilhões são da agricultura.
Das 4.675 cidades com movimentação no mercado de trabalho no setor agropecuário, 2.377 apresentaram expansão e 1.961 tiveram redução. A maior parte do saldo positivo (64%) ficou por conta das pequenas cidades, com 21,7 mil vagas. Já as grandes cidades foram responsáveis por 7% do saldo de junho.
Cultivo
Em relação aos cultivos, o destaque em junho vai para a produção de laranja, com 4,8 mil vagas, e alho, com 2 mil vagas, na Região Sudeste. Atividades de apoio à agricultura e serviços de preparação de terreno, cultivo e colheita também impactaram positivamente nessa região, com 3,2 mil vagas.
Já no Nordeste, a fabricação de álcool e de açúcar em bruto contribuíram com o saldo positivo de postos de trabalho, com 2,1 mil e 1,6 mil vagas, respectivamente. Além disso, o cultivo de soja, com 3,2 mil vagas, puxou a geração de empregos no agro na Região Centro-Oeste.
O levantamento completo está disponível no site da CNM.
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