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Para 65%, roupa justifica abuso

Por Eduardo Candido 28 Março 2014 Publicado em Brasil
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A maior parte dos brasileiros (65,1%) concorda, de forma total ou parcial, que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. A maioria (58,5%) também diz acreditar que “se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros”.


Por outro lado, 91,4% da população concorda que “homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia” e 82,1% discorda da afirmação “mulher que apanha em casa deve ficar quieta para não prejudicar os filhos”.


Os resultados são de pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados foram obtidos a partir de entrevistas com 3.810 pessoas de ambos os sexos entre maio e junho de 2013.


Os entrevistados foram apresentados a uma lista de afirmações e questionados se concordavam ou discordavam - total ou parcialmente - das colocações. A margem de erro é de 5 pontos percentuais.


Segundo a conclusão do estudo, “os principais resultados aqui apresentados indicam uma ambiguidade nos discursos. O primado do homem sobre a mulher ainda é bastante aceito pela população, mas a violência física não é tolerada”.


Ainda de acordo com a conclusão: “No entanto, no que toca à violência sexual, a maioria das pessoas continua a considerar as próprias mulheres responsáveis, seja por usarem roupas provocantes, seja por não se comportarem ‘adequadamente’”.


Para a coordenadora do programa de Estudo em Sexualidade da USP, Carmita Abdo, o resultado do estudo não a surpreende, uma vez que a sociedade ainda culpa a vítima em casos de abuso. “O que leva ao assédio ou ao estupro não é a roupa que a mulher está vestindo, mas a disposição de quem assedia ou de quem estupra”, diz.


A divulgação do estudo ocorreu agora por ocasião do Dia Internacional da Mulher (8 de março) e chama a atenção após os recentes casos de abuso sexual no metrô de São Paulo.


Um segundo estudo também divulgado pelo Ipea, estima que haja anualmente 527 mil tentativas ou casos de estupros no Brasil, dos quais somente 10% são registrados formalmente na polícia.


A estimativa foi feita a partir de questionários elaborados pelo instituto.


Perfil
Em relação à frase sobre o uso de roupas curtas, que tem a concordância total de 42,7% e parcial de 22,4%, o detalhamento do perfil dos entrevistados na pesquisa principal mostra que quanto maior o nível educacional, menor a concordância.


Outra afirmação apresentada aos entrevistados é “o que acontece com o casal em casa não interessa aos outros”. Esta teve a concordância total de 58,4% e concordância parcial de 23,5%.
Também há menor tendência de concordar quanto maior for a escolaridade.


Os entrevistados foram confrontados com a frase “em briga de marido e mulher não se mete a colher” - 78,7% disseram concordar.


Necessidade de educação igualitária
Para a secretária estadual de Políticas para as Mulheres e Promoção da Igualdade Racial, Gláucia Maria Teodoro Reis, o resultado da pesquisa demonstra o conservadorismo da sociedade brasileira. “Entender que o jeito de se vestir e se comportar justifica um crime brutal mostra isso. Temos que repudiar o resultado (obtidos) nessa pesquisa e enfrentá-lo”


A pesquisa, comenta, reflete o que ela diz em seminários em todo o Estado: “É fundamental que se trabalhe a família. Mesmo implementando políticas públicas de enfrentamento a situações como essa, o Estado, por si só, é insuficiente para o enfrentamento desses preconceitos. É preciso analisar a falta de limites e a própria falta de acompanhamento dos pais. A família tira seu papel de educadora e o transfere para a escola. Tem que se discutir isso”.


Ela cita ainda a diferenciação de educação que meninos e meninas recebem dentro de casa, o que reflete em suas visões sobre o papel de cada um. “Os meninos e as meninas são criados de forma diferente. Basta ver os brinquedos que são apresentados para os dois gêneros. As meninas geralmente ganham bonecas e brinquedos de cozinha, enquanto os brinquedos dos meninos são muito mais criativos. Isso ainda é muito refletido no ambiente familiar. Só com uma educação igualitária é que a gente vencerá essa gama de preconceito, que é em relação a gênero, sexualidade, entre outras diversidades”. (O Popular/Pablo Santos)


Fonte: Folhapress

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