Uma reunião realizada em Goiânia, colocou em pauta um dos maiores gargalos para o avanço do agronegócio e da indústria goiana: a falta de energia elétrica robusta e estável para atender a crescente demanda produtiva do estado.
Convocado pela Subsecretaria de Energia do Governo de Goiás, o encontro reuniu representantes do setor produtivo — como FIEG, FACIEG, FAEG, ADIAL, Aprosoja, Coderv e Acirv — além de executivos de distribuidoras de energia, como a Equatorial Goiás e a EDP. O objetivo foi discutir soluções para destravar o fornecimento de energia e dar condições de crescimento às regiões mais dinâmicas da economia goiana.
O gargalo
A avaliação dos técnicos é unânime: o potencial produtivo de Goiás está limitado pela precariedade da rede elétrica. Em várias regiões, as quedas de energia e a instabilidade comprometem desde o funcionamento de indústrias até a armazenagem e beneficiamento de grãos.
A solução definitiva passa pela construção de um novo Ponto de Suprimento (PS) na rede básica, obra de infraestrutura que deve custar centenas de milhões de reais. Esse investimento garantiria estabilidade e expansão da oferta de energia para o médio e longo prazo.
Medidas imediatas
Enquanto o PS não sai do papel, o governo anunciou uma medida paliativa: reforço emergencial na rede de 138 kV a partir de Itapaci, buscando aliviar gargalos mais urgentes.
Além disso, foi criado um Grupo Técnico de Trabalho (GTT) para acelerar o diálogo entre governo, setor produtivo, empresas de energia e reguladores, de modo a garantir agilidade no planejamento e execução do projeto.
A frase que resumiu o tom da reunião foi: “Não falta dinheiro; falta ponto de suprimento.”
Prioridades em disputa
Segundo Gustavo Lacerda, diretor De Câmaras Técnicas do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Rio Verde (CODERV) e vice-presidente da ACIRV, o debate concentrou inicialmente esforços em regiões do Noroeste goiano, especialmente no Vale do Araguaia.
Para ele, esse direcionamento acende um sinal de alerta para o Sudoeste, região mais rica do estado, responsável pela maior parte da arrecadação de ICMS e pela geração de milhares de empregos ligados ao agronegócio e à agroindústria.
“Com o grupo de trabalho criado, vou puxar a demanda para nossa região sudoeste. Não podemos aceitar que a região que mais sustenta a economia de Goiás não seja prioridade nesse plano”, afirmou Lacerda.
Um debate estratégico A discussão deixou claro que o desafio energético vai muito além da manutenção do sistema: trata-se de uma questão estratégica para o futuro da produção agrícola e industrial de Goiás. Sem energia de qualidade, o estado corre o risco de frear investimentos, perder competitividade e comprometer a expansão de cadeias produtivas que hoje colocam Goiás entre os maiores players do agronegócio brasileiro.
Um estudo do Instituto Mauro Borges de Pesquisa e Política Econômica (IMB) revela que a expansão da oferta de energia elétrica pode impactar o crescimento econômico estadual e municipal. Com base em metodologias estatísticas rigorosas, o levantamento estimou que um aumento de 10% na oferta de energia elétrica resulta, em média, em um acréscimo de 1,07% no PIB dos estados brasileiros.
A análise focada em Goiás, por meio da aplicação do modelo de Diferenças em Diferenças (DiD), mostra que a instalação de usinas elétricas no estado, entre 2002 e 2021, gerou um aumento médio de 1,23% no PIB municipal. Os benefícios econômicos da expansão da infraestrutura elétrica tendem a se consolidar ao longo do tempo, tornando-se estatisticamente significativos a partir do 11º ano após a entrada em operação das usinas.
Fonte: Rioverde rural







































