Durante a sessão que discutiu o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, a carne brasileira foi alvo de críticas pelo deputado Vincent Trébuchet, do partido UDR, que disse que os pratos dos franceses não eram “latas de lixo”. Sobre a afirmação do deputado, o vice-presidente do sindicato rural de Rio Verde, Ênio Fernandes, ressalta que o comentário do parlamentar demonstra imaturidade e oportunismo.
“Quando alguém utiliza palavras como ‘lixo’, é porque não tem argumentação alguma. Isso mostra desconhecimento, pois ao dizer isso, ele afirma que as outras 168 nações que importam carne brasileira não tem qualidade e ele nem sabe a importância da proteína animal do Brasil para dar segurança alimentar ao mundo. Pode ser também oportunismo, adulterando a verdade para agradar e enganar seus eleitores na França. No fim, o comentário é tão imaturo que fica difícil comentar sem parecer pequeno. Pequeno como o raciocínio deste parlamentar francês”, afirma.
Na Assembleia Nacional da França, que ocorreu na noite desta terça-feira (26), Vincent Trébuchet afirmou que estava preocupado com os agricultores locais. “Nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo”, disse.
Rejeição Francesa
A rejeição do acordo entre a União Europeia e o Mercosul pela Assembleia Nacional da França é um fato que preocupa o especialista. Para ele, a discussão é apenas uma desculpa para se proteger da concorrência brasileira e defender produtos nacionais.
“A plataforma ambiental não é o ponto principal, é só um manto que se busca para proteger os mercados de outros produtos brasileiros. Cada região cria as suas estratégias, corretas ou não.”, afirma ele.
Com 484 votos a favor da rejeição e apenas 70 contra, a votação, embora simbólica, revela uma forte união entre partidos franceses, da extrema-esquerda à ultradireita, em oposição ao texto
Falta união
Ênio critica, principalmente, a falta de mobilização das grandes empresas do setor agrícola e financeiro brasileiro em defesa dos interesses nacionais.
“Estas agressões acontecem, mas se elas acontecessem nos Estados Unidos, Canadá, Japão, na própria União Europeia, a sociedade desse país seria extremamente agressiva. Com certeza, um boicote se iniciaria e essas redes teriam dificuldades financeiras enormes. Grandes empresas de defensivos agrícolas, grandes bancos, grandes empresas de proteína animal, esmagamento de soja… pouca defesa e muita omissão”, destaca o especialista.
Para ele, é crucial unir todos os elos da cadeia produtiva para criar um sentimento de proteção em torno dos setor e da economia nacional.
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