Maiores consumidores mundiais de arroz, os chineses poderão importar grãos produzidos em Goiás nos próximos anos. Uma delegação técnica formada por pesquisadores da Universidade Agrícola de Yunnan (YAU), da China, visitou o estado na última semana para conhecer o sistema de produção local. Eles também estiveram na Embrapa Arroz e Feijão para conhecer as mais recentes pesquisas e as variedades de arroz desenvolvidas pela instituição. A visita deve resultar na assinatura de um memorando de intenções para futuras parcerias técnicas e comerciais.
O consumo de arroz na China tem proporções gigantescas. Enquanto os brasileiros consomem cerca de 10 milhões de toneladas anuais, os chineses comem quase 152 milhões de toneladas por ano, o equivalente a 27,7% de todo arroz produzido no planeta. Mas os asiáticos, que também são os maiores produtores mundiais, também tiveram problemas climáticos que reduziram sua produção nos anos anteriores, o que elevou os preços no mercado, assim como aconteceu no Brasil, e buscam futuros fornecedores.
Vale lembrar que a China já é o maior parceiro comercial de Goiás.
O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado, Pedro Leonardo Rezende, lembra que na YAU está o maior centro de pesquisa em arroz no mundo. Eles conheceram o potencial goiano no cultivo de arroz e o quanto esta cadeia produtiva tem crescido no estado, que ainda não é autossuficiente na produção. “Com alto índice de produtividade e os bons preços do mercado, que têm estimulado o crescimento de áreas de cultivo em Goiás, a expectativa é que entre dois e três anos devemos alcançar a autossuficiência”, prevê.
Depois disso, o próximo passo será buscar parceiros comerciais para exportar. “A atual atratividade da cultura em relação a outros grãos e tecnologias empregadas pelos produtores têm resultado em índices de produtividade superiores aos do Rio Grande do Sul, maior produtor nacional”, destaca o secretário. Ele lembra que o arroz goianos também tem características qualitativas superiores, com uma proporção de mais de 60% de grãos inteiros. “Isso tem despertado interesse de parceiros no mercado asiático, maior consumidor mundial.”
Variedades
A perspectiva é de uma colaboração bilateral após a visita, realizada depois da primeira visita do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, a Goiás. Com a expertise e tecnologia desenvolvida no estado, o objetivo é investir em pesquisas para desenvolver variedades que atendam às demandas do consumo chinês, em parceria com os pesquisadores da YAU.
De acordo com o secretário, a expectativa é que Goiás se torne um dos maiores produtores de arroz do País, pois os bons preços estimulam o aumento das áreas cultivadas.
Ele lembra que o crescimento do cultivo de arroz em Goiás tem sido sobre áreas de pastagens degradadas. Isso porque há um processo de intensificação da pecuária, que usa menos áreas de pastagens com o emprego de mais tecnologias. “Outros grãos estão vivendo uma fase adversa com relação à precificação, como a soja, que não vive um momento tão atrativo. Já o arroz mostra uma atratividade muito positiva”, completa.
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