O resultado das eleições municipais sinaliza que o presidente Jair Bolsonaro já não possui a mesma capacidade de transferência de votos das eleições de 2018, quando ajudou a eleger governadores, senadores e dezenas de deputados federais e estaduais.
Dos 13 candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro, dois foram eleitos e outros dois estão no segundo turno.
Apesar de se reeleger vereador no Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), seu filho, perdeu o posto de candidato mais votado para um político do arqui-inimigo PSOL – Tarcísio Motta.
Nas redes sociais, Bolsonaro e Carlos tentaram minimizar os episódios.
O presidente disse que só fez “três horas de campanha”, o que não é verdade.
Já seu filho colocou na conta do pai a derrota do PT no Nordeste.
O partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputou oito das nove capitais e perdeu em sete.
Sua única chance é no Recife, onde disputa o segundo turno com Marília Arraes.
O Nordeste tem o segundo maior número de eleitores do país, perdendo apenas para o Sudeste.
Tradicionalmente era um reduto do PT.
Nas eleições de 2018, foi a região em que Bolsonaro teve o seu pior desempenho.
Agora, o grupo do presidente aposta que o resultado desta eleição indica o avanço de Bolsonaro em 2022 na região.
Mesmo com as urnas ainda abertas, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro foi às redes sociais registrar o fracasso de Bolsonaro e observar resultados favoráveis para a esquerda.
“Os candidatos apoiados pela Presidência fracassaram e o PSOL tornou-se o partido de esquerda mais relevante”, observou o ex-juiz.
Um levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), feito a pedido Estadão, mostra que os partidos dos presidentes da República desde Fernando Henrique Cardoso conseguiram eleger números expressivos de prefeito dois anos depois de conquistarem o primeiro mandato.
O PSDB passou de 317, em 1992, para 934 em 1996.
Já o PT, de Luiz Inácio Lula da Silva, passou de 174, em 2000, para 400 prefeituras, em 2004.
Com Dilma Rousseff, o PT passou de 557 em 2008 para 638 em 2012.
Bolsonaro foi eleito pelo PSL, mas deixou o partido um ano depois.
O presidente tentou criar o Aliança pelo Brasil, mas a legenda não saiu do papel.
Parte dos candidatos bolsonaristas, entretanto, permaneceram no PSL e outros foram para siglas nanicas.
Fonte: Estadão