A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu que Pedro Henrique Krambeck Lehmkul, de 22 anos, participava de um esquema ilegal de tráfico de animais silvestres desde 2017.
O estudante de medicina veterinária, picado por uma naja kaouthia em 7 de julho, não era simplesmente um ‘mero colecionador de cobras’, mas comprava os animais de outros estados do país e os revendia para ganhar dinheiro, como revelaram as investigações conduzidas pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama).
Além do jovem, outras 10 pessoas foram indiciadas pelos crimes de tráfico, associação criminosa, maus-tratos, prevaricação e fraude processual.
Pedro Henrique pode ser condenado a até 30 anos de prisão, bem como a mãe e o padrasto dele.
A pena dos demais envolvidos varia entre seis meses a oito anos de detenção.
Além do padrasto de Pedro Henrique, o tenente-coronel da PMDF, Clóvis Eduardo Condi, e a mãe, a advogada Rose Meire dos Santos, estariam envolvidos no esquema o amigo Gabriel Ribeiro de Moura e o comandante do Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA), Joaquim Elias Costa Paulino.
Haveria a participação, ainda, da professora de medicina veterinária da faculdade Uniceplac, no Gama, instituição onde Pedro e os amigos estudam, e de outros colegas do jovem.
Pedro entrou para o mundo do tráfico de animais em 2017, segundo a apuração policial.
O crime consistia na compra de serpentes, vindas de outros estados brasileiros, e trazidas para o DF. “Diálogos colhidos pela polícia mostraram ele negociando a venda dessas espécies. Um dos negócios, inclusive, foi realizado no Gama; tratava-se de um filhote de uma cobra Nigritus, que custou R$ 500.
Ele viu o quanto o negócio era rentável e embarcou.
Cada ninhada, por exemplo, vinha com 20 filhotes”, detalhou o delegado à frente das investigações, Willian Andrade.
Em depoimento, uma das testemunhas ouvidas pela polícia confessou que havia comprado uma cobra de Pedro Henrique.
Ontem, após uma denúncia anônima, agentes capturaram uma píton-indiana de, aproximadamente, 5m e com 90kg, em uma casa, em Águas Lindas de Goiás.
A espécie não é nativa do Brasil e tem alto potencial invasor.
Esse animal é típico do sudeste asiático e integra, desde 2012, a lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
O Correio apurou que esse caso foi acrescentado no inquérito policial da naja, pois há a suspeita de que esse homem tenha comprado o filhote dessa cobra de Pedro Henrique.
Fonte: Correio Brasiliense