Desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás, Gilberto Marques Filho é investigado por supostas irregularidades durante a recuperação judicial de uma usina em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, para ter "interesses pessoais" atendidos durante o processo, que se iniciou no ano de 2014.
Segundo as informações que constam na decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell, que determinou buscas e apreensões em endereços de pessoas ligadas ao magistrado, a outro desembargador e um juiz, além da própria sede do órgão goiano.
Em nota, o advogado de defesa do desembargador e do juiz Ronnie Paes Sandre, Luís Alexandre Rassi, informa que "como os autos correm em segredo de justiça, a única informação que posso passar é que contra os magistrados Gilberto Marques Filho e Ronnie Paes Sandre não há qualquer juízo de suspeita quanto a venda de sentenças".
O G1 pediu um posicionamento ao TJ-GO, por e-mail, às 20h, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Na terça (30/06), porém, a assessoria do tribunal se manifestou por meio de nota, dizendo que o "Poder Judiciário goiano colaborou efetivamente com a ação da Polícia Federal, fornecendo todos os dados solicitados e prestando os esclarecimentos necessários à elucidação da questão",
Outros dois magistrados também estão sendo investigados por supostas irregularidades no mesmo processo de recuperação judicial da usina Centroálcool.
Ao todo, a Polícia Federal cumpriu, na terça-feira (30), 17 mandados de busca e apreensão em endereços relacionados a advogados, juízes, desembargadores e empresários.
Após a operação, a Corregedoria Nacional de Justiça também iniciou a apuração da denúncia.
A investigação do Ministério Público Federal (MPF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) indica um suposto interesse de Gilberto Marques Filho, que era corregedor de Justiça do TJ-GO à época, para interferir na recuperação da Centroálcool de duas formas: seja colocando a filha Caroline Ávila Marques Sandre no cargo de administradora judicial da usina ou afastando todos os magistrados do caso, viabilizando assim, a indicação de um juiz específico atuar no processo, designado pelo desembargador, que poderia ser alguém de sua “confiança”.
O MPF identificou que Caroline Ávila é advogada com atuação voltada para demandas envolvendo recuperações judiciais.
Ela também figurou entre as pretensas interessadas em ser nomeada administradora da Centroálcool, segundo o STJ. A investigação, porém, não informa se ela foi nomeada em algum momento.
O G1 não conseguiu localizar a defesa da advogada Caroline Ávila Marques Sandre.
Fonte: G1 (com adaptações)